domingo, 4 de abril de 2010

As Nossas Sugestões - Abril 2010


Titulo: As cidades Invisíveis

Autor: Ítalo Calvino


De quem se fala: Ítalo Calvino nasceu em Cuba, a 15 de Outubro de 1923, e faleceu em Siena, a 19 de Setembro de 1985. Viveu em primeira pessoa as vicissitudes da Segunda Guerra Mundial, que marcou as suas primeiras produções literárias. Calvino é o escritor italiano mais relevante do século XX e um dos autores contemporâneos mais importantes. Na sua vasta obra, além de As Cidades Invisíveis (1972), pelo qual recebeu o conceituado prémio Feltrinelli, destacam-se romances como O Castelo dos Destinos Cruzados, Se numa Noite de Inverno um Viajante e Palomar, bem como diversas colecções de contos.

O que se diz: As Cidades Invisíveis (no original, Le Città Invisibili) pertencem ao campo surrealista. O livro é estruturado como uma colectânea de 55 mini-contos matematicamente intitulados e enquadrados por fragmentos de conversas entre Marco Polo e Kublai Kan. A história que o sobrevoa e lhe serve de pretexto trata dos relatórios que Polo faz ao rei dos mongóis sobre as cidades que visita nas suas viagens pelo grande império do Kan. Mas, na realidade, o objectivo de Calvino é traçar-nos o retrato de uma série de cidades exemplares, e como tal fantásticas, perdidas num limbo espaço-temporal onde os bazares e as rotas de caravanas se cruzam com problemas de tráfego e arranha-céus, cada uma com uma característica que a marca e distingue (e que se reflecte no título do mini-conto respectivo), e todas com nomes femininos, chegando por vezes a assaltar-nos a dúvida se Calvino não estará no fundo a falar de mulheres e não de cidades.

Está dito: ” Nunca nas minhas viagens tinha chegado a Adelma. Foi ao entardecer que desembarquei. Na amurada o marinheiro que agarrou em voo a corda e a amarrou à abita era parecido com uma fulano que tinha feito a tropa comigo, e já morrera. Estava na hora da lota. Um velho carregava uma cesta de ouriços-do-mar num carrinho de mão; julguei reconhecê-lo; quando me voltei, havia desaparecido por um beco, mas percebi que era parecido com um pescador que, já velho quando eu era criança, certamente já não poderia estar entre os vivos.”

Biblioteca Sábado, 178 p.

Ver este título no catálogo da biblioteca



Titulo: A Sétima Porta
Autor: Richard Zimler


De quem se fala: Ricard Zimler nasceu em 1956 em Roslyn Heights, um subúrbio de Nova Iorque. Fez um bacharelato em religião comparada na Duke University e um mestrado em jornalismo na Stanford University. Trabalhou como jornalista durante oito anos, principalmente na região de São Francisco. Em 1990 foi viver para o Porto, onde tem sido professor de jornalismo, primeiro na Escola Superior de Jornalismo e depois na Universidade do Porto. Tem actualmente dupla nacionalidade, americana e portuguesa. Publicou sete romances na última década, que depressa entraram nas listas de best-sellers de vários países.

O que se diz: Em Berlim, na década de Trinta, o descendente de Berequias Zarco, Isaac Zarco, está determinado a descobri-lo. Está convencido que o pacto entre Hitler e Estaline – para além de outros «sinais» - anuncia que uma profecia apocalíptica feita pelo seu antepassado está prestes a concretizar-se. Acredita também que, se conseguir descodificar esses textos cabalísticos medievais, pode salvar o mundo.
Passado durante a subida ao poder de Hitler e a guerra que os nazis moveram contra os deficientes, A Sétima Porta junta Sophie Riedesel - uma jovem espirituosa, artística e sexualmente ousada – com um grupo clandestino de activistas judeus e antigos fenómenos de circo liderados por Isaac Zarco. Quando uma série de esterilizações forçadas, estranhos crimes e deportações para campos de concentração dizimam o grupo, Sophie, agora já adulta, tem de lutar com todo o seu engenho para salvar tudo o que ama na Alemanha – a qualquer preço.


Está dito: ”Durante a semana que se segue, o silêncio tenso e envolvente criado pela guerra permanente entre os meus pais transforma-se num ser vivo que se vivo que se arrasta pesadamente dentro de casa. A cáustica luz de Inverno também não ajuda nada; é demasiado esparsa para nos dar uma esperança real de que a sorte mude. Berlim em Fevereiro, com aquele lento ballet de morte a desenrolar-se em cada ramo de árvore nu, e a sua superfície de gelo escuro, dá-nos a todos uma sensação de termos o espírito encurralado.”

Oceanos, 654 p.

Ver este título no catálogo da biblioteca


Titulo: Nosso Musseque
Autor: José Luandino Vieira


De quem se fala: José Luandino Vieira, cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição no nascimento da República Popular de Angola. Infância, juventude e estudos primários e secundários em Luanda. Diversas profissões. Presos pela PIDE em 1959 (Processo dos 50). De novo preso (1961) e condenado a 14 anos de pisão e medidas de segurança. Transferido, em 1964, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde passou 8 anos, foi libertado em 1972, em regime de residência vigiada em Lisboa. Iniciou então a publicação da sua obra, na grande maioria escrita nas diversas prisões por onde passou. Membro do fundador da União dos Escritores Angolanos, exerceu a função de secretário-geral desde a sua fundação – 10/12/1975 – e em vários mandatos até 1992.

O que se diz: Nosso Musseque, escrito na prisão da PIDE em Luanda entre Dezembro de 1961 e Abril de 1962, manteve-se até hoje inédito. A sua publicação agora, 40 anos depois de ter sido escrito, revela um Luandino Vieira no seu melhor: um retrato do musseque luandense, retrato físico, paisagístico e humano, que só um grande escritor pode conseguir. A galeria de figuras humanas que o romance nos apresenta — Carmindinha, a jovem costureira; Capitão Abano, marinheiro de cabotagem; sô Augusto, o electricista, derrotado pela vida e convencido de que a pode derrotar com o seu famoso livro; Albertina, a prostituta branca do musseque, que vende e dá amor às mãos largas; Zito, o endiabrado conquistador compulsivo; e tantos, tantos outros, constituem um vasto mundo que, pela arte com que está apresentado neste livro, fascina o leitor e o arrasta irremediavelmente para dentro de si.
Nosso Musseque é, repetimos, Luandino Vieira no seu melhor.

Está dito: ”Quando foi então, como começou? Como é esse menino estava na cabeça, não saía das mãos? Sukuama! Uma tarde inteira, calor já, assim de janela fechada, porta fechada, ouvindo os pássaros, sentindo o sol para entrar e o barulho vagaroso dos pássaros de vavó, na casa, no quintal, as falas sozinhas, o riso das pessoas na rua. E sempre a virar na cama, levantando sentando, vestindo, despindo. E como passou os casos dos frascos do remédio? Porquê estavam só assim os cacos no canto do quarto, a mancha gorda no chão?...”


Caminho, 186 p.

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Titulo: O jogo do anjo
Autor: Carlos Ruiz Zafón


De quem se fala: Carlos Ruiz Zafón (1964) é um dos autores mais lidos e reconhecidos de todo o mundo. Inicia a sua carreira literária em 1993 com El Príncipe de la Niebla (Prémio Edebé), a que se seguem El Palacio de la Medianoche e Las Luces de Septiembre (reunidos no volume Trilogía de la Niebla), e Marina.
Em 2001 é publicado o seu primeiro romance para adultos, A Sombra do Vento, que imediatamente se transforma num fenómeno literário internacional. O Jogo do Anjo, o seu mais recente romance, também está editado na Dom Quixote.
Os seus livros foram traduzidos em mais de quarenta línguas e conquistaram numerosos prémios e milhões de leitores nos cinco continentes
O que se diz: Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.

O que se diz: Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.


Está dito: ” Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço.»

Dom Quixote, 568 p.

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Titulo: O regresso
Autor: Bernhard Schlink


De quem se fala: Bernhard Schlink nasceu em 1944, em Bielefeld, e é jurista de formação. Em 1988, tornou-se juiz do Tribunal Constitucional da Renânia Setentrional-Vestefália. É professor de Direito Público e de Filosofia do Direito na Universidade Humboldt, em Berlim, desde 2006. Tanto O Leitor como um conto de Amores em Fuga foram adaptados ao cinema. Para além destas obras, no catálogo ASA figuram também os seus livros Neblina sobre Mannheim e O Regresso.

O que se diz: A viver com a mãe na Alemanha do pós-guerra, o pequeno Peter passa as férias de Verão em casa dos avós, na Suíça. Responsáveis pela edição de uma colecção de livros, os avós dão ao neto o papel usado nas provas, em cujo verso ele pode escrever mas cujas histórias está proibido de ler. Um dia, Peter desobedece e descobre o relato de um prisioneiro de guerra alemão que, após ter enfrentado inúmeros perigos para fugir aos seus captores e regressar a casa, descobre que, durante a sua ausência, a mulher constituíra uma nova família. Mas Peter já tinha usado as páginas finais para fazer os trabalhos de casa e fica sem saber como termina a aventura. Anos depois, já adulto, decide procurar as páginas desaparecidas; uma busca que se altera por completo quando descobre que o seu pai, um soldado alemão que ele sempre acreditou ter morrido na guerra, pode ainda estar vivo. Sob o encantamento da sua própria história de amor, e à medida que começa a deslindar o mistério do desaparecimento do pai, Peter vê-se obrigado a questionar a sua própria identidade e a enfrentar o facto de a realidade ser, por vezes, um reflexo das expectativas dos outros.

Está dito: “ Quando terminei de contar, ela sorri de novo e encolheu os ombros. – Não me recordo de ter alguma vez ficado achanada, escondida atrás da saia da minha mãe, enquanto um homem desconhecido subia as escadas. Ou teria a minha irmã espreitado por detrás da saia da minha mãe, envergonhada, e eu estaria ao colo dela? Não me lembro de mais nenhum homem para além do meu pai, nem esse tempo, nem mais tarde. Os meus pais tinham um casamento feliz, ou melhor, tinham aquilo que aquela geração considerava um casamento feliz.”

Asa, 313 p.

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